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Um pouco sobre o coco de Pernambuco, e de outras regiões também
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"vamos umbigar meu povo..."
Coco é uma dança bastante comum na região norte-nordeste do Brasil, dizem que pode ter vindo com
os negros da região do Congo-Angola, com eles veio a tradição danceira de umbigada. Cada grupo recria a dança e a transforma
ao gosto da população local. Embora receba várias denominações, todas elas têm a umbigada como principal característica.
Existe até o coco de desafio, dançado geralmente apenas por homens em um grande desafio de agilidade, força e ritmo. Mais
comum na região litorânea do nordeste, as pessoas contam que o coco pode ter surgido dos escravos que quebravam coco com pedra
para a manufaturação. Há também relatos de que tenha havido a mistura desse povo com elementos indígenas, principalmente na
marcação do ritmo e na instrumentalização e, ainda, da intervenção dos portugueses com seu formato de roda, muito comum nas
danças do folclore daquele povo. Os coquistas, como são chamados os que participam do coco, passam a noite umbigando sem
parar. Os cantadores improvisam, e a roda - muito mais chamada de gira - responde, fazendo um grande coro. Os dançadores formam
uma roda, batem palma e ajudam a embalar o coco. Em alguns lugares, ainda calçam um tamanco que ajuda na percussão com o seu
sapatear. A marcação é feita com os pés, em um compasso de geralmente três pisadas fortes no chão. Alguns instrumentos
mais comuns são o ganzá, o pandeiro, o zambê, as palmas e o tamanco (calçado nos pés); em algumas regiões, principalmente
em Pernambuco, a alfaia, a caixa e outros tambores. O coco-de-roda (também conhecido em certos lugares como coco-do-sertão),
mais comum na Paraíba, diferentemente do dançado em outras regiões, é feito em roda e as pessoas ficam de mãos dadas e girando,
umbigando alternadamente com um e com outro, na própria roda. O chamado coco-de-praia desperta a atenção pelas coreografias
elaboradas, exigindo muito dos dançarinos. Todos esses elementos e diferenciais do coco ajudaram muito a popularizar o
ritmo, que chegou a ser muito dançado dentro dos salões. Hoje, é muito apreciado apenas nas comunidades que mantêm viva essa
tradição e por quem se interessa por dança e cultura popular, principalmente estudantes. "vem coquiar, eu te desafio a
dançar coco comigo, vem coquiar, eu te desafio a dançar coco com o umbigo..."
"Segura o coco!"
Por Edgard Freitas
O COCO ALAGOANO
O Coco dançado em Alagoas é diferente do paraibano, do pernambucano e do rio-grandense.Em alagoas
o sapateado é mais vivo e mais figurado. e forma-se rodas de homens e mulheres. No centro fica o solista que põe o "argumento",
isto é, a melodia do texto. Logo sobressai o refrão cantado pelos demais da roda: "Venha ver a coisa tá boa Venha, é
um Coco lá das Alagoas". O solista, no centro, executa requebros e sapateados, passos figurados, inventados na hora. Ao
finalizar faz a sua vênia ou reverência. Retira-se, e entra outra pessoa. O Coco é uma dança do povo e
os principais instrumentos são as próprias mãos. As cantigas são acompanhadas pelo bater de palmas com as mãos encovadas,
imitando o ruído de quebrar da casca de um coco, daí o nome da dança, de ritmo bem brasileiro. Usam também zabumba
(tambor) "pife", flauta, ganzás, chocalho, viola, pandeiro, cuícas, maracás, bombos.Até o caixão de querosene entra na dança,
na falta de um instrumento musical.
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O Coco foi a dança preferida pelos cangaceiros. Lampeão dançava o Coco em horas de descanso. Na
feira nordestina é um lugar onde se pode ver e ouvir o Coco improvisado, falando das dificuldades, dos problemas sociais e
das paixões. É um espetáculo bonito de se observar!
Veja agora agora alguns dos variados nomes que o coco recebe, de acordo com a região e com os instrumentos
que são usados na brincadeira.
Os “Coco solto”, “Quadras”, “Embolada”, “Coco de entrega”,
“Coco dez pés”, são referidos pela métrica literária.
Os “Cocos de ganzá”, “Coco de zambê”, pela música. Os “Coco
de praia”, “Coco de usina”, “Coco de sertão”, pelos locais. Os “Coco de roda”,
“Coco de parelhas ligadas”, “Coco solto”, “Coco de fila” “De parelhas trocadas”,
“De tropel repartido”, “Cavalo manco”, “Travessão”, “Sete e meio”, “Coco
de visitas”, pela coreografia.
Indumentária Homens: calça listrada, xadrez ou branca, de
boca estreita, camisa de meia, sandálias, chapéu de palha. Mulheres: vestido estampado de cor alegre, mangas
fofas, saias bastante rodada, com babados. Nos pés, usam tamancos de madeira que ajudam a sonorizar o ato da pisada
no chão.
Essas são algumas opções de vestimenta, mas cada grupo também muda de acordo com o seu gosto.
Hoje em dia o coco se faz presente nos festejos de nossa gente. Selma e tantos outros coquistas
tradicionais são exemplos de resistência e força de uma manifestação autêntica e original. Seu ritmo contagiante tem influenciado
muitos compositores populares e até as bandas de rock da atual cena musical pernambucana. Jackson do Pandeiro inspirou Chico
Science, Alceu Valença, e temos também Mestre Ambrósio, Cordel do Fogo Encantado e tantos outros artistas que buscaram
e ainda procuram neste folguedo uma fonte para criação de suas obras.
 Dona Selma do Coco (uma das mais famosas coquistas) Foto de Eduardo Queiroga
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